Daqui a muitos anos, quando tudo isso tiver passado, e não existirem mais eu, nem você, nem nossa história, nosso amor - todo amor que a gente sentiu, de forma tão absurda, drástica, forte, urgente - vai ser engolido pelo tempo.
Não sobrará nada do que vivemos. Nem as primeiras semanas, férteis de desejo e de expectativas, de esperas vigiando o visor do celular, de noites com olhos vidrados, sonhando com o resto de nossos dias juntos e tudo que iríamos fazer ainda.
Nem os primeiros meses, antes de nossas neuroses se engancharem numa dança tão sincronizada, quando tudo era preenchido com sorrisos, e promessas, e beijos, e olhares, e amor em forma de lava incandescente cobrindo o mundo.
Nem os primeiros anos, com seus pequenos grandes rituais da rotina, com nossos esforços para manter tudo colado, tudo funcionando.
Não sobrarão as cartas (que só você mandava, e eu achava tão lindas, e te deixava brava por não responder). Nem as fotos trocadas, nem os contos que dedicamos um ao outro.
Não sobrará teu cheiro, nem a memória dos teus pés em minhas mãos. Não sobrarão os telefonemas, tantos, testemunhas de grandes delírios, gozos convulsivos e prantos tão sofridos.
Também não estarão mais aqui aqueles que viram, souberam, participaram, ajudaram ou atrapalharam, aqueles que se intrometeram, sabendo ou não serem parte do que havia entre nós.
Não sobrarão as piadas internas, as tensões com seus pais, os momentos frígidos, as chuvas, as letras, os gostos. Não sobrarão as angústias de esperar o outro chegar em casa (e se atrasar), de vigiar rotinas. Nem as conversas terminadas de forma inconclusiva.
Não sobrarão suas risadas, seus olhares absurdos, seus gemidos, nem os jogos malucos que você mesma inventava (só para ganhar sempre, ou me fazer acreditar que você não roubava).
Não sobrarão as pequenas brigas, as grandes discussões, os estranhamentos. Não sobrarão as delícias nem os delitos. Não sobrarão as fantasias, os ciúmes, as mesmices, as tentativas de chamar atenção.
É estranho que eu sinta falta disso tudo, desde agora. E talvez seja estranho acreditar que talvez, quem sabe, um pouco disso sobreviva. Quem sabe em alguma fotografia que tiramos juntos. Talvez em fios de cabelos, repousando na paz de algum envelope amarelado. Talvez em nossos manuscritos, perdidos no fundo de alguma gaveta.
De qualquer forma, é disso tudo que não quero abrir mão. É por isso tudo que não quero abrir mão. Por tudo que me faz falta sem ter terminado. Por tudo que me faltará, se tudo, um dia, se acabar.
É assim o amor.
--Vi no tumblr da Chame , tive que copiar. mals. --
Ta ai.. Gostei! É de quem esse texto?
ResponderExcluire o que é tumbir da Chame?
é tipo um blog. =)
ResponderExcluirNão sei de quem é =(
Eu gostei muito do texto também, num sei pq, mas combina comigo. ^^